O jornal noticiou uma morte sem intenção.
Mas eu sei,
só eu sei,
que naquele dia Pedro saiu todo mal-intencionado
Arrumado,
cabelo penteado,
apressado,
transtornado.
Dobrou a esquina
sem olhar pra trás
Quis esquecer o que já não tinha,
Não pôde.
Tudo lhe remetia ao passado,
achou que seu sofrer havia de ser vingado.
E o fez.
Fez o homem que veio do pó, ao pó voltar
Fez o caminho de volta para casa
Fez a barba
Fez o café
Fez-se chorar,
arrepender,
atentar contra a própria vida,
hesitar,
mentir para si, para os outros
pensar em fugir.
Fugiu,
emaranhou-se em pensamentos outros,
tentou iludir-se,
e desistiu de pensar.
Morreu com aquilo,
e eu também morri.
Um comentário:
Que rico!
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