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sexta-feira, 24 de abril de 2015

Alice

Sob o canto de uma voz branda
vinda de fora,
sabe-se lá de onde,
e a luz de seu abajur,
Alice pôs-se a escrever.

E escreveu cada letra
como uma peça de quebra-cabeça
calmamente,
e, de repente,
ficou em dúvida entre ler e ser:

Abriu a porta,
olhou lá fora,
subiu em uma árvore no quintal,
laranjeira,
se jogou,
e na queda pôde alcançar uma folha verde,
a segurou aberta entre as mãos,
e desceu, flutuou
como uma pluma.

Não chegou a tocar os pés no chão,
uma brisa a levou para longe,
para o bosque da cidade.

Assim que sentiu a firmeza do solo, soltou a folha
que repousou lentamente numa fonte,
cristalina,
com uma placa.
Aproximou-se,
podia-se ler:
"Uma moeda por um desejo"

E desejou ter o mais belo de todos os sonhos!

Lançou uma moeda.
Teve sono,
bocejou,
quis manter-se acordada,
desbravar os mistérios do bosque,
mas não,
dormiu...

A luz do sol a fez abrir os olhos
num despertar vagaroso,
tinha em sua mão um lápis
e alguns rabiscos
que ela mesma tinha feito.

Levantou da cadeira,
foi até o espelho...
Ainda era ela mesma,
mas ainda assim,
ficou em dúvida entre ler e ser...


Um comentário:

Anônimo disse...

Chapeleiro: Será que eu estou enlouquecendo?
Alice: Sim, vc esta! Mas, vou te contar um segredo: as melhores pessoas são assim. ��